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Mulheres criam grupo de apoio para vítimas de violência doméstica

 
59% dos brasileiros já presenciaram algum tipo de agressão ou assédio contra uma mulher em seu bairro, segundo o estudo ‘Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil’. E 42% dos casos ocorrem dentro da casa da vítima.
 
A mesma pesquisa revela que o perfil mais comum de agressor é de alguém próximo à vítima, principalmente o companheiro (23,8%), seguido pelo vizinho (21,1%) e o ex-namorado/ex-marido (15,2%). Outro dado que chama a atenção é que 52% dos casos não são reportados a nenhuma instituição.
 
Para oferecer apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, duas jornalistas mantêm um grupo no Facebook chamado ‘Violência Doméstica – grupo de apoio’. A ideia é oferecer um espaço onde essas mulheres possam ser ouvidas sem julgamentos e receber orientações.
 
Uma dessas jornalistas é Mariana Kotscho, apresentadora de TV (programas ‘Momento Papo de Mãe’ e ‘Papo de Mãe’, na TV Cultura) ativista pelo combate à violência doméstica. A outra é Marisa Marega, que também atua como escritora. Até agora, o grupo administrado por elas já atendeu mais de 2 mil mulheres, em três anos de existência.
 
Mariana afirma que “o intuito do grupo é sempre criar um ambiente seguro para as mulheres” participantes. A jornalista considera que um dos pontos iniciais para gerar uma real mudança na vida da mulher que foi agredida é criar a consciência de que ela está sendo vítima de uma violência e que existem maneiras de sair dessa situação.
 
O grupo também conta com o auxílio de advogadas, psicólogas, promotoras e profissionais em geral que estejam devidamente preparados para entrar em contato com as vítimas, além do contato de uma lista de Delegacias da Mulher e instituições como os Creas (Centros de Referência Especializados de Assistência Social).
 
Para a moderadora, o tema da violência doméstica precisa estar presente em debates escolares, tanto para conscientizar as meninas para não se deixar entrar em relacionamentos abusivos, quanto para os rapazes não desenvolverem papéis abusivos em suas relações com amigas e companheiras.
 
Além do mais, a jornalista explica que não existem estereótipos quando se trata de violência doméstica: “são vítimas de todas as classes sociais” afirma Mariana.
 
Mariana também destaca que o número de mulheres que não denunciam os casos de violência ainda é muito alto, e que o medo é um dos grandes impeditivos.
 
Além do medo, o receio de não ser devidamente atendida pelos órgãos oficias ou de não haver provas suficientes para iniciar um processo contra o agressor também faz com que muitas mulheres se calem. Algumas recomendações de Mariana para ajudar essas mulheres são: “guardar mensagens, provas e testemunhas que possam provar a violência”, principalmente quando se trata de uma violência psicológica, que “é mais difícil de ser provada”.
 
O grupo é fechado e as mediadoras têm uma série de critérios para permitirem a entrada de alguém nele. O rigor visa evitar que possíveis agressores usem os perfis das vítimas para entrar no grupo.
 
Aline (nome fictício para preservar a identidade da vítima) conheceu o grupo após uma longa pesquisa, enquanto buscava informação para se proteger de seu ex-marido, que estava ameaçando ela e seus dois filhos.
 
Antes de encontrar o grupo, Aline entrou em contato com várias delegacias, mas não conseguia nem mesmo registrar boletins de ocorrência. Em vez disso, ouvia dos policiais que deveria sair de São Paulo para se proteger. Só depois de entrar em contato com a Corregedoria, conseguiu fazer um boletim de ocorrência, mas não viu nada resolvido.
 
No grupo de apoio, ela teve a chance de contar seu relato e de se sentir compreendida por outras mulheres. Além disso, recebeu orientações para sair da situação de violência em que se encontrava e proteger seus filhos, além de orientações para não perder a guarda das crianças durante o processo de divórcio. “A Mari Marega é como uma ‘mãezona’”, afirma Aline.
 
Ela também conta que o contato com outras mulheres que já haviam passado por aquela situação ou que se encontravam no processo de sair do ambiente violento a ajudou muito a se manter firme na busca por ajuda.
 
Para Aline, a convivência no grupo cria um ambiente em que as mulheres que estão ali aprendem a ajudar uma a outra, criando uma verdadeira rede de apoio.
 
Foto: Pixabay
 

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