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Relato da "Décima conferência de aniversário do Kairós Palestina"

 
Entre os dias 29 de novembro e 1 de dezembro de 2019, reuniram-se na cidade de Belém, na Palestina, cerca de 350 pessoas para o décimo aniversário do movimento Kairós Palestina - A hora da verdade (A Moment of Truth). O evento reuniu homens mulheres, jovens e idosos, leigos e clérigos, representantes de organizações da sociedade civil de todo o mundo para, mais uma vez, demonstrar apoio ao povo palestino em sua luta diária por reconhecimento.
 
Desde que foi lançado o “A hora da verdade”, há dez anos, a vida na Palestina tem se deteriorado ano após ano – a Palestina vive sob ocupação israelense. A opressão tem sido cada vez mais agressiva e brutal. Pessoas encarceradas e sitiadas em Gaza são vítimas de ataques, enquanto os assentamentos israelenses continuam a se expandir na região. A ameaça de anexação do vale do Jordão é real e os próprios assentamentos crescem sem uma palavra de condenação ou alerta por parte das principais potências mundiais. Na Palestina ocorre uma desapropriação contínua da terra, da liberdade e dos direitos humanos. 
 
Além disso, há outros três desdobramentos: o reconhecimento de Jerusalém como capital de  Israel por parte dos Estados Unidos; a notícia do anúncio do Secretário de Estado dos Estados Unidos de que o governo americano não considera os assentamentos da Cisjordânia “incompatíveis com o direito internacional”; bem como, a recente adoção por parte do Estado de Israel da “Lei do Estado-Nação”, de 2018, determinando que Israel é um Estado exclusivamente judeu, tem como sua única capital “Jerusalém unificada” e apenas o hebraico é sua língua oficial. Isso, de fato, pode ampliar os conflitos sociais.
 
Igrejas de todo mundo têm dado respostas proféticas contundentes nos últimos dez anos, ainda que ao mesmo tempo muitos cristãos usam a Bíblia para justificar a ocupação e apoiam, muitas vezes de maneira acrítica, o Estado de Israel em detrimento da causa palestina.
 
Conferência
 
Diante de tantos desafios, a Conferência do 10º Aniversário do Kairós Palestina chamou Igrejas, organizações e movimentos sociais ao compromisso de se oporem às ideologias e teologias exclusivas, de forma unir vozes juntamente com judeus, muçulmanos e demais pessoas crentes e não-crentes, que clamam por um mundo em que todos e todas possam ser tratadas com igualdade como garantia de uma paz justa e duradoura. 
 
Em termos teológicos, é preciso condenar posições teológicas que justificam o privilégio de um povo sobre o outro, e que legitimam direta ou indiretamente o extremismo religioso na Palestina, sendo este um tema de diálogo inter-religioso ao qual podemos nos somar em solidariedade. Desafiar narrativas e itinerários israelenses exclusivos promovidos pelo turismo monopolizado como instrumento da ocupação é igualmente um desafio a ser enfrentado e um chamado à ação.
 
Dada a conjuntura brasileira permeada por violência religiosa, perda constante de direitos e retrocessos na área social, é preciso união e resistência em toda parte, de forma a não sermos dominados pelo cansaço e exaustão, mas que irmanados e irmanadas pela lógica da solidariedade possamos andar juntos e juntas em resistência denunciando: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.14) e anunciando “mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” (Is 40.31)
 
 
Texto: Ezequiel Hanke
Revisão: CONIC
Fotos: Cortesia/Ezequiel Hanke
   

 
 

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