Nesta sexta-feira, 26 de junho, o mundo celebra os 75 anos da assinatura da Carta de São Francisco, documento que criou a Organização das Nações Unidas (ONU). Após os horrores da II Guerra Mundial, autoridades, lideranças religiosas e boa parte da comunidade internacional passou a buscar um mundo mais plural, em oposição aos nacionalismos exacerbados que geraram sistemas políticos opressores, que não só ceifavam liberdades, mas vidas humanas.
A data precisa ser relembrada com toda força nestes dias em que discursos “antiglobalistas” encontram ecos em outras frentes até então relegadas ao ambiente do hilário, como o terraplanismo e a anticiência. Porém, essa história não tem nada de comédia, mas boas doses de tragédia, sobretudo quando vem amparada por discursos religiosos fundamentalistas que, sem o menor pudor, usam os meios de comunicação para pedir a volta de regimes ditatoriais. Uma contradição e tanto, já que ditaduras não dialogam bem com a mídia.
Como cristãos e cristãs, precisamos estar atentxs a todo e qualquer movimento que atente contra as liberdades fundamentais do ser humano. Por isso, um mundo onde as decisões não fiquem nas mãos de um ou dois tiranos, mas no conjunto das nações, é imprescindível. Mais do que nunca, é preciso reforçar nosso apoio a organismos como a ONU, não apenas por seu trabalho em décadas passadas, mas também pela sua importância nesses contextos de ódio.
Seja você homem, mulher, preto, branco, pardo, amarelo, indígena, quilombola, camponês, camponesa, bancário, operária, população LGBTQI+, criança, adolescente, idoso, família convencional ou novas configurações familiares, todxs merecem respeito, todxs merecem representação, e nenhum grupo tem o direito de oprimir o outro em nome de uma moral supostamente superior; em nome de um padrão de conduta supostamente melhor.
A Carta de São Francisco, citada acima, faz alusão ao santo de Assis, pessoa que, com seu exemplo e desprendimento, deixou grandes ensinamentos. Recuperar o que Francisco apregoava é a chave para entendermos que apenas com diálogo teremos uma sociedade melhor. E numa sociedade plural, os nacionalismos dão lugar à cultura de paz. E a justiça se torna algo perene, acessível para todos e todas, e não apenas para uma minoria (Am 5:24).