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CLAI promove, de modo online, Tempo de Oração Continental

 
O Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) promoveu, no dia 10 de dezembro, uma celebração online que, entre outros objetivos, buscou orar e agradecer pelas ações proféticas do movimento ecumênico em defesa dos Direitos Humanos.
 
Num contexto de Advento e em preparação para o Natal, a ação reuniu lideranças ecumênicas latino-americanas e caribenhas. Na pauta, questões importantes, como o racismo, a violência contra mulheres, o descaso com a Criação, a opressão a povos tradicionais, perseguições contra a população LGBTQI +, pandemia e exclusão, entre outros. 
 

Antecedendo o encontro virtual, o CLAI havia enviado, a todos os seus parceiros regionais, a seguinte carta:
 
CARTA DA MESA AMPLA DE RE-IMAGINAÇÃO DO CLAI
 
Deus realiza atos justos. Fazendo justiça a todas as pessoas oprimidas.” (Sl 103.6)
 
Há algum tempo vocês foram informados sobre a “Mesa de Re-imaginação” do Conselho Latino-Americano de Igrejas Cristãs (CLAI).  A mesa, composta por 16 pessoas, lideranças da diversidade que forma o CLAI. A missão confiada a nós pela Junta Diretiva do CLAI são a de identificar estratégias e propostas que possam ser apresentadas às igrejas e aos organismos ecumênicos do CLAI. O horizonte do nosso trabalho, que tem começo, meio e fim, é o de contribuir para a reafirmação da presença e dos testemunhos ecumênicos das igrejas na América Latina e no Caribe. A Mesa tem se reunido, virtual e quinzenalmente, desde o mês de maio deste ano. 
 
O desafio maior identificado desde nossa primeira reunião foi o de Re-imaginar um CLAI que seja dinâmico, democraticamente horizontal e que valorize a história do ecumenismo protestante latino-americano. Não menos importante é Re-imaginar um CLAI capaz de dialogar e viabilizar uma práxis teológica e ecumênica corajosa para estabelecer processos dialógicos com as agendas contemporâneas. 
 
Algumas perguntas-chaves têm orientado nossas reflexões, entre as quais: 
 
O que compreendemos por ecumenismo? 
 
Qual é o papel e a missão do movimento ecumênico hoje?
 
Que significado tem a espiritualidade no ecumenismo?
 
Quais os desafios teológicos e diaconais que se apresentam hoje para o testemunho ecumênico orientado para a promoção e defesa de direitos humanos?
 
O CLAI, historicamente, expressou a sua reflexão e prática ecumênicas acolhendo eixos transversais que precisam ser refletidos para um testemunho amoroso e inclusivo da fé em Jesus Cristo. Neste sentido, compreendemos que, no contexto atual, alguns desafios temáticos nos provocam permanentemente: a justiça de gênero, as experiências religiosas fundamentalistas, a ecoteologia e a crise do modelo econômico. 
 
Uma Mesa de Re-imaginação não pode excluir a reflexão aprofundada sobre os aspectos que envolveram a atual crise do CLAI. 
Compreendemos que os tensionamentos geradores de crise têm origens múltiplas e interrelacionados. Por isso, nenhum pode ser analisado de forma isolada. Alguns deles dizem respeito ao esgotamento dos temas que historicamente orientaram o protagonismo do CLAI, a ausência da renovação de lideranças ecumênicas e a crise das instituições tradicionais. 
 
Neste sentido, torna-se central para a Re-imaginação do CLAI a reflexão e a proposição de como imaginamos e formamos as novas lideranças ecumênicas, de que forma podemos articular tais lideranças e movimento ecumênico. Aqui, compreendemos como fundamental a superação dos burocratismos em detrimento do compromisso com um ecumenismo que é movimento e que tem a força de incidir politicamente em favor da justiça, da equidade e da unidade na diversidade. O exercício da liderança ecumênica precisa ir além da representação formal. Ela exige engajamento e comprometimento com a agenda ecumênica em si. Isso porque, o movimento ecumênico tem um papel importante para as re-imaginações permanentes que precisam ser realizadas tanto nas igrejas quanto na sociedade. 
 
Nosso trabalho iniciou no contexto de pandemia. Por isso, uma de nossas primeiras ações foi a partilha com as igrejas e organismos ecumênicos, da mensagem “Ahora es la hora para el testemunio y la acción común”, (em anexo). Esta mensagem representa a nossa voz crítica, consoladora e ecumênica para uma América Latina e um Caribe que vivem constantemente as consequências das desigualdades, dos racismos, dos autoritarismos e das rupturas democráticas. Todas estas dimensões de nossa história foram aprofundadas com a pandemia. Portanto, em um momento tão crítico e incerto, nossa função central é nos unirmos para o consolo, a misericórdia e o diálogo. Nenhum deste valores do Evangelho são simples retórica, mas exigências que se apresentam para nós, cristãos e cristãs.
 
Nestes quatro meses de diálogo, chegamos à compreensão de que para o desenvolvimento de uma forma dinâmica e horizontal de articulação ecumênica, identificada com a história do CLAI, de herança ecumênica protestante-evangélica, precisamos nos articular em forma de “Rede Ecumênica latino-americana e caribenha”, que provisoriamente, identificamos como Rede CLAI. Compreendemos que não há lugar para estruturas complexas e burocratizadas, que exigem institucionalidades fortes e de alto custo financeiro. As alternativas que se abrem com as novas formas de comunicação, participação e interação via Plataformas virtuais, por exemplo, exigem de nós estruturas dinâmicas e flexíveis. 
 
A centralidade de nossa missão não foi e não é a manutenção de estruturas inflexíveis e burocráticas, mas o 
 
“testimonio conjunto de nuestra fe en Dios creador, padre y madre, en Jesucristo, Señor y Salvador, y la comunión del Espíritu, de acuerdo a las Escrituras del Antiguo y Nuevo Testamento. Sabemos que encontramos sentido a nuestra vida, no en los méritos propios, ni en el poder ni el dinero, sino en una fe que se traduce en servicio y buena voluntad, especialmente a quienes son más débiles y vulnerables”.
 
A Mesa de Re-imaginação foi convocada pela junta diretiva, motivo pelo qual, no dia 29 de setembro, nos reunimos com seus integrantes para compartilhar os avanços alcançados até aquela data. O acúmulo de nossas reflexões promoveu uma conversação bastante frutífera, engajada e comprometida. Observamos que há um interesse genuíno em nos empenharmos por um CLAI re-imaginado. 
 
Nos aproximamos do tempo de Advento, um tempo de esperança, que no cenário atual da América Latina e do Caribe, se impõe como força profética que nos compromete com movimentos que reivindicam transformações estruturais profundas para que nosso continente seja de igualdade e equidade. 
 
Nos comprometemos, como igrejas, movimentos e instituições teológicas, com um ecumenismo que transcende fronteiras, derruba muros e visibiliza uma expressão libertadora e profética da fé cristã. Por isso, oramos pelos povos da América Latina e do Caribe e pela missão de cada igreja e organismo ecumênico, para que permaneçam firmes em sua missão de fortalecer a justiça e a paz. Estamos à disposição para escutar a cada um e cada uma de vocês. Toda sugestão e crítica são importantes. 
 
Que estejamos comprometidos com a afirmação do ecumenismo de direitos, que exige que a realização de diálogos sobre as divergências e as desafinações do caminho sejam realizados com respeito desde o compromisso com a verdade e a justiça em Jesus Cristo.
 
Foto: Reprodução

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