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CONIC expressa a sua profunda solidariedade ao povo palestino

 
Jerusalém é a história do mundo; e é mais: é a história do céu e da terra.” (Benjamin Disraeli)
 
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC expressa a sua profunda solidariedade ao povo palestino e sua luta à existência e ao território.
 
Nos mesmos dias em que testemunhamos a chacina de Jacarezinho, acompanhamos relatos sobre ataques de extrema violência ocorridos na Cidade Velha de Jerusalém, ao redor da Mesquita Al-Aqsa. Esta mesquita, para a tradição muçulmana é conhecida como Santuário Nobre e, para a tradição judaica, é o Monte do Templo. No momento dos ataques, grande número de palestinos e palestinas muçulmanos, estavam no local, para celebrar a última oração antes do término do Ramadã. Acompanharam os ataques marchas lideradas por grupos israelenses de extrema-direita que gritavam palavras de ordem como “morte aos árabes” e “queimem suas casas”.
 
Dias antes dos ataques à Mesquita e às marchas, colonos israelenses fundamentalistas incendiaram, na Cisjordânia, terras de cultivo de colonos palestinos. Apesar destes ataques terem sido realizados por pessoas que se identificam com o judaísmo, compreendemos que a motivação dos atos de violência não tem raiz religiosa. Estas demonstrações de violência mostram que os fundamentalismos têm consequências diretas na vida dos povos, porque negam o direito ao território, à existência e à espiritualidade. Muito simbólico é que o espaço da Mesquita que foi atacado foi a Casa de Oração.
 
Um ato de violência gera novas ondas de violência. Parte da população palestina reagiu, ao que, o Estado de Israel revidou e as agressões se estenderam à Gaza. A violência é assimétrica; uma potência bélica, Israel, contra uma população civil. Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é um território sitiado, foram mortas 53 pessoas, sendo 14 crianças e três mulheres, além de 320 pessoas feridas. 
 
Jerusalém é referência de três tradições religiosas: judaica, cristã e islâmica. Ela é, ou deveria ser, a maior expressão da unidade na diversidade. A história de Jerusalém se entrelaça com a fé de milhões de pessoas no mundo. Jerusalém deveria ser um patrimônio espiritual de todos os povos. De modo que, este ataque impacta em todas as pessoas que creem em Javé, Jesus Cristo e Maomé.
 
Ao mesmo tempo em que Jerusalém representa, na perspectiva espiritual, a paz, a unidade e a diversidade do amor de Deus, ela, historicamente, sofre as consequências das disputas colonialistas e territoriais. A ideia de um “povo eleito” fundamenta a compreensão de que há povos não eleitos e, por isso, não têm o direito à integridade. Nada mais incoerente com a Aliança do que esta compreensão, considerando que a Aliança de Deus com os povos oprimidos se reverte em paz com justiça, com direito à terra e à dignidade. 
 
O símbolo da Palestina, berço de nossa fé, é a Oliveira. Ela representa a paz, a sabedoria e a eternidade e pode existir por séculos. Seu cultivo é fundamental para a subsistência local, por isso, os olivais cotidianamente são incendiados pelo exército de Israel. 
 
A Oliveira é uma árvore que inspira a resistência. A Palestina e seus olivais, é um território de resistências, de profecias, apesar de todas as violências simbólicas, patrimoniais e religiosas que seus habitantes sofrem. 
 
Expressamos, em primeiro lugar, nosso repúdio à violência que se revela ainda mais absurda em um contexto global de uma pandemia agressiva, que atinge principalmente os países com maior vulnerabilidade econômica. Ao mesmo tempo, não aceitamos o uso indevido da fé para justificar e potencializar conflitos e destruição. Expressamos nossa solidariedade ao povo palestino que é a síntese do que nós somos: judeus, cristãos, muçulmanos. 
 
Não há existência possível sem o outro e a outra. 
 
Não existem identidades absolutas, portanto, toda a violência praticada a partir do princípio da exclusividade e da superioridade étnicas e religiosas significa a agressão ao próprio Deus. 
 
“...Jerusalém, chora amargamente de noite, e as suas lágrimas
lhe correm pelas faces; não tem quem a console...” Lm 1.1-2
 
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC
 

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