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Igrejas de toda a África: posse de armas nucleares é imoral

 
A posse de armas nucleares é "imoral": é o que escreve numa nota a Conferência das Igrejas de toda a África, saudando com alegria a entrada em vigor, em 22 de janeiro, do Tratado sobre a proibição de armas nucleares.
 
Assinado por 86 Estados e ratificado por 51, incluindo a Santa Sé, o documento internacional é juridicamente obrigatório e proíbe seus signatários de produzir, estocar, vender e utilizar armas nucleares.
 
"Como parte do movimento ecumênico global - diz a nota - acreditamos que a própria posse, bem como a potencial ameaça do uso de armas nucleares, é imoral e aguardamos ansiosamente o dia em que o mundo será de modo permanente libertado de tal armamento".
 
Não há mãos seguras para as armas nucleares
 
Daí, a exortação a todos os Estados que ainda não o fizeram a "assinar e ratificar" o Tratado. A detonação acidental ou deliberada de uma arma nuclear causaria danos sérios, duradouros e de longo alcance a todos os aspectos de nossas vidas e de nosso meio ambiente no mundo inteiro. Além disso, tais armamentos são parte de estruturas e sistemas que trazem grande sofrimento e destruição", explica a Conferência das Igrejas de toda a África.
 
"Não há mãos seguras para essas armas. As nações que assinaram o Tratado, de fato, falam de consequências humanitárias catastróficas que resultariam de qualquer uso de tais armamentos", mesmo por acidente ou erro de cálculo, porque tais efeitos transcenderiam todas as fronteiras", enfatiza ainda a Conferência.
 
Ao mesmo tempo, a Conferência das Igrejas africanas manifesta seu apreço pelo fato de o Tratado abordar o impacto das armas nucleares sobre as mulheres e os povos indígenas, bem como a questão da assistência às vítimas e do tratamento dos danos ambientais.
 
Por um mundo livre de armas nucleares
 
Neste sentido, o documento "abre à possibilidade de anunciar um novo mundo livre das ameaças e tensões desencadeadas pela luta para desenvolver e possuir armas nucleares", lê-se ainda.
 
O significado histórico da entrada em vigor do Tratado também é forte, num mundo devastado pela pandemia da Covid-19: "Num momento em que o mundo precisa desesperadamente de uma nova esperança, este instrumento nos inspira a trabalhar para eliminar completamente a ameaça das armas nucleares, e para criar condições de paz, justiça e bem-estar", acrescenta.
 
Neste sentido, a Conferência das Igrejas africanas cita o exemplo dos "hibakusha", os sobreviventes dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagagasaki, ocorridos em 1945: "A coragem e a perseverança deles serve de inspiração, guia e fundamento moral na busca de um mundo livre de armas nucleares".
 
Petição popular pela assinatura e ratificação do Tratado
 
Além dos Estados individualmente considerados, todas as pessoas de boa vontade são encorajadas a promover ativamente a proibição de tais armas: "Não devemos nos desencorajar pelo ritmo lento" em que isto está ocorrendo, explica a nota, mas sim nos tornar "ainda mais determinados a agir por um mundo melhor".
 
"Esta é parte de nossa missão e sabemos que Deus está do nosso lado", conclui a Conferência, sugerindo o lançamento de uma petição popular envolvendo o maior número possível de pessoas para pedir a todos os países do mundo que assinem e ratifiquem o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares.
 
Conferência tem 173 Igrejas presentes em 40 países africanos
 
Fundada em Campala, em Uganda, em 1963, a Conferência das Igrejas de toda a África é uma associação ecumênica que hoje conta 173 Igrejas membros presentes em 40 países africanos, representando mais de 120 milhões de cristãos no continente. Sua sede fica em Nairóbi, no Quênia, e seu atual secretário geral é o Rev. Fidon Mwombeki, ministro da Igreja Luterana na Tanzânia.
 
Fonte: Vatican News
Imagem: Pixabay

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