“...Vendo-o, (os pastores) contaram o que lhes fora dito a respeito do menino; e todos os que os ouviam ficavam maravilhados com as palavras dos pastores. Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração”. (cf. Lc 2. 17 – 19)
Diante da manjedoura e do júbilo dos pastores, Maria conservava cuidadosamente em sua memória o extraordinário acontecimento que vivia, e meditava a respeito em seu coração.
Até o nascimento de Jesus, Maria e José passaram por muitas adversidades. Jesus nasceu na impermanência, porque Belém não era a cidade natal de José e Maria. A ida a Belém se deu porque José e Maria precisaram responder ao édito de César Augusto, que decretara o recenseamento de “todo o mundo habitado”.
Maria deu à luz a Jesus em um contexto de incertezas, violências e perseguições. Ao meditar sobre tudo o que estava acontecendo, Maria, possivelmente, refletia sobre o mundo em que a pequena e frágil criança cresceria.
Como Maria, muitas mães, nesta noite de Natal, olham para seus filhos, guardam cuidadosamente todos os acontecimentos e meditam em seus corações. Não há como não pensar, nesta noite, nas mães de Gaza, que olham para seus pequenos sob e entre escombros. Não há como não pensar nas mães indígenas, que olham para seus pequenos e perguntam se terão direito ao território e à existência. Não há como não pensar, na noite de Natal, nas mães pretas que olham para seus recém nascidos e se perguntam se sobreviverão à violência do racismo.
Noite de Natal, noite de luz, noite de esperança e de abraços. Noite de Natal, noite de espera pelo extraordinário bem-viver que há de vir.
As Marias de Gaza, indígenas, pretas conservam cuidadosamente todos esses acontecimentos e meditam em seus corações.
CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil