
Por: Cláudio Márcio Rebouças da Silva*
Deus que se fez criança refugiada e nos ensinou sobre amorosidade.
Na periferia das impossibilidades – um novo modo de transcendência.
Uma rede de apoio é estabelecida – é divina a humanidade.
O choro do nascimento é pura potência – é som de resistência.
O Deus encarnado era frágil e corria perigo no fio da espada.
Esquadrões da morte geram violência e destroem o ato de sonhar.
Gabinete do ódio semeia mentira e terror – criam presepada.
A manjedoura é luz na escuridão – possibilita o recriar.
Sei que há perigo nas esquinas e o silêncio dos bons é microfone nas mãos dos maus.
Não se pode ser omisso – é abrir mão da decisão – a aparência não engana não.
Feliz é quem tem fome e sede de justiça – assume o mutirão e organiza o caos.
Se a roupa não nos serve mais – é hora de seguir para o alvo da nossa vocação.
O Natal é tempo de arrumar a casa e preparar o coração – como faremos isso desta vez?
A pandemia deixou muitos lugares vazios na mesa - sobram lágrimas no nosso rosto.
Abraço não foi possível ser dado – histórias de vida coisificadas outra vez?
Sepultamentos sem rituais de despedida geram dor, vazio e desgosto.
Uma nação dilacerada por desigualdades sociais e extermínio de povos afro-indígenas
Se Deus é brasileiro e anda do nosso lado – Piedade de nós! Escuta nossa petição!
Direitos humanos para toda humanidade? Olorum e Tupã faces da mesma Divindade?
Ajuda-nos a compreender que depois da tempestade o sol surgirá para toda multidão.
Se temos dois pés para cruzar a ponte, não faremos a travessia?
Vamos lá fazer o que será? Levanta e anda – fé e coragem.
A voz do anjo sussurrou nos seus ouvidos? Seguiremos com poesia
Abre a porta e a janela – olha a capoeiragem
Fica combinado que faremos a festa do abraço – vamos esperançar
Lançaremos as sementes da coletividade – toda mesa se encherá de pão
Muros e cercas no chão – ciranda da revolução – vem aliançar – vem dançar
Ao som do pandeiro o riso da (re)criação – corpos subversivos em ressurreição
Humanos de fé e luta – no gabinete e com a mochila nas costas
Sei que a lagarta rasteja até o dia que cria asas – liberdade e imensidão
Comunidade organizada e articulada produz emancipação
Militantes do reino é o CONIC em ação – denuncia religiosidade vazia - alienação
Meu Cristo nasce nas periferias do Brasil– quem escuta seu choro?
Presépio (apenas) externo é mera ilusão, símbolos sagrados sem corpo e sangue vivificador.
Natal sem empatia e alteridade não gera consolo – banquetes na mesa e farelo para o povo
Deus nasceu como criança – dou meu abraço, meu colo, meu amor!
Agora veja essa mesma mensagem lida por lideranças ecumênicas:
*Pastor da IPU em Muritiba (cidade serrana do recôncavo baiano).