Não tenhais medo, pois eis que venho anunciar-vos
uma Boa Nova que será uma grande alegria
para todo o povo: nasceu hoje um Salvador!
(Cf.: Lc 2.10-11ª)
Finalizamos um ano marcado pelo aprofundamento das desigualdades e da polarização. Enquanto pessoas lutam diariamente pelo pão de cada dia, outras, fartas de pão, fecham-se nos individualismos e em ambições. Há, ainda, os que investem tempo e dinheiro para a disseminação de notícias falsas e outras estratégias que dividem o povo. Nos tempos em que Jesus nasceu, a história não era tão diferente: o Império Romano sabia jogar bem com o medo e com a tirania.
Mas Jesus é a culminância da história de amor de Deus para com a humanidade.
Jesus é Deus que se faz humano. Tão humano que andou entre nós, chorou, riu, perdeu a paciência, pescou e compartilhou o pão. Nascido no seio de uma família simples, tendo como mãe uma mulher corajosa, que não se rendeu à cultura de silenciamento e anulação das mulheres, Ele ousou ao desestabilizar os argumentos religiosos que defendiam valores como a pena de morte, a segregação e o não-perdão.
Nem as pessoas que o seguiam entendiam muito bem o seu projeto de liberdade, amor e paz, pois continuavam a defender o “olho por olho, dente por dente”. Jesus, o Príncipe da Paz, destronava os poderosos com uma sabedoria fora do comum. Quando perguntado se o imposto deveria ser pago à Roma, ele pega a moeda, vê o rosto de César nela, e responde: “a César o que é de César”. Colocado contra a parede para apedrejar uma mulher, sob o amparo da Lei patriarcal, o mestre convida todos a uma profunda reflexão: “quem dentre vós está livre de pecado, atire a primeira pedra”. Condenados pela própria consciência, todos partiram sem atirar uma pedra sequer.
É esse Jesus, Deus encarnado em profunda humanidade, que nasce neste 25 de dezembro. É esse menino-Deus que nos ensina a viver a fé como experiência profunda de religação e intimidade com Deus. A fé em Jesus Cristo não é, nem nunca pode ser, comércio ou instrumento de opressão.
O Jesus que nasceu em Belém e cresceu em Nazaré é o Jesus dos guetos e das favelas. Jesus saiu das periferias para dispersar as pessoas orgulhosas, exaltar as humildes, cobrir de bem as famintas e despedir as ricas de mãos vazias (cf. Lc 1. 51-53).
Nós, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), desejamos a você e sua família um abençoado Natal e um 2023 repleto de boas novas, acompanhado desse Jesus que nos desafia a nos abrirmos para a humanidade que há em nós.
Eis que nasceu, hoje, um Salvador!