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Refugiados/as contam com ajuda emergencial da CESE

 
A pandemia carrega consigo as marcas das desigualdades e à medida que avança no Brasil, vai deixando cada vez mais certas populações em posição mais vulneráveis. Entre os grupos mais susceptíveis aos efeitos do novo Coronavírus estão as pessoas em situação de refúgio e os/as imigrantes que deixaram seus locais de origem para fugirem de crise econômicas e políticas, desastres ambientais, guerras e perseguições.
 
Segundo o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o Brasil possui cerca de 1,2 milhões de imigrantes internacionais, 43 mil pessoas reconhecidas refugiadas e 193 solicitantes de refúgio. A cidade de São Paulo concentra o maior número dessas populações, 360 mil pessoas e mais de 150 nacionalidades.
 
Habitualmente afastados/as dos sistemas de proteção social e negados seus direitos fundamentais, os/as imigrantes convivem com xenofobia, e atualmente, enfrentam novos desafios com a pandemia do Covid-19. É o que relata  representantes do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI), organização que trabalha há mais dez anos no atendimento e na promoção dos direitos humanos junto à comunidade imigrante. Segundo a organização, estima-se existência de 400 mil imigrantes pobres em situação de vulnerabilidade, em sua maioria haitianos e africanos que chegam na condição de refúgio e vivem, em sua maioria, nas ocupações de São Paulo, onde o CAMI atua.
 
Em conversa com a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), Roque Renato Pattussi, coordenador do CAMI e Carla Aguilar assistente social da organização, descrevem os reflexos da pandemia sobre imigrantes e refugiados/as, e a importância do apoio da CESE logo no início da crise epidêmica.
 
Para além das circunstâncias críticas enfrentadas pelos/as brasileiras/as vulneráveis ao Covid-19, essas populações se defrontam com as diferenças culturais, barreiras linguísticas, racismo e discriminação. Roque Pattussi afirma que a pandemia trouxe à tona temas direcionados os/as imigrantes e refugiados/as que antes estavam velados e cita frases comumente dirigidas as essas pessoas: “Os imigrantes chineses e venezuelanos trouxeram o Covid-19, o Sarampo, a Febre Amarela. Então, não queremos mais imigrantes aqui”, ou “Vamos mandar embora todos estes/as imigrantes/as que só trazem desgraças”, exemplifica o coordenador do centro.
 
Para Carla Aguiar, essas populações enfrentam grandes dificuldades de acesso às políticas sociais no Brasil nesse período: “As políticas públicas não funcionam bem para brasileiros, muito menos para imigrantes e refugiados/as.”, afirma. Segundo a assistente do CAMI, entre os desafios enfrentados durante a pandemia que circunscrevem o cotidiano desses/as indivíduos, estão as questões relacionadas ao trabalho, aos cuidados da saúde e a educação. Existem problemas de relocação no mercado formal de trabalho e quando há empregabilidade as condições trabalhistas não são adequadas; No caso da saúde, dificuldade de acesso, despreparo profissional, precarização e xenofobia são fatores que demonstram o risco adicionais que estão submetidos/as no contexto epidêmico; Sem falar na inviabilidade da educação à distância para crianças pela falta de acesso à internet e acompanhamento direcionado.
 
Além disso, a organização expõe a precariedade das condições financeiras de refugiados/as e imigrantes intrínseca ao deslocamento emergencial do país. A maior parte dessa população sustenta suas vidas e de suas famílias através do mercado informal, e com as medidas de isolamento perderam suas fontes de renda. Nesse contexto, muitos/as acabam vivendo nas ruas ou em comunidades periféricas sem infraestrutura básica que garanta seus direitos fundamentais.
 
Outra singularidade que se destaca é a questão da falta de documentação. Segundo a integrante do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, a indocumentação agrava todos os problemas e traz consequências direitas à vida das pessoas: “Hoje temos pessoas que estão passando fome porque não foram anistiados e sem documentos, não têm sequer o direito de matar a fome através do auxilio emergencial. Os alimentos para matar a fome chegam somente pelas Igrejas e pelas ONGs como o CAMI”, relata Aguillar.
 
E Pattussi descreve a importância do apoio da CESE neste cenário: “A CESE foi a primeira instituição que diante da Pandemia se preocupou com os imigrantes e refugiados/as. Fez contato conosco para saber o que estava se passando com eles/as naquele momento, pediu um relatório e buscou apoio para dar esperança de que juntos/as iríamos superar este momento. Este olhar sensível levou o CAMI a presentear muitas famílias com alimentos, mas, não somente com comida, e sim, com esperança.”, revela o representante da organização.
 
Foto: CESE
Fonte: CESE

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