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A CESE na pandemia de coronavírus: reforçando a luta pela resistência

 
A pandemia COVID-19 que assola o mundo, já considerada como uma das maiores crises humanitárias da atualidade, recoloca outra vez no centro das discussões o tema dos direitos humanos e a defesa da vida.
 
O estado de calamidade global redirecionou o nosso olhar e o nosso agir e exigiu urgência na tomada de decisões. Embora seja uma pandemia que ameaça a vida de todas as pessoas, ela impacta com muito mais força grupos e populações que já enfrentam as desigualdades sociais, econômicas e raciais e que vivem em constante vulnerabilidade: as populações que têm seus direitos básicos negados, cujo acesso aos serviços de saúde e saneamento, garantia do direito à alimentação e segurança alimentar estão seriamente comprometidos.
 
A CESE continua apoiando iniciativas do movimento popular que expressam a luta pela resistência e pela garantia de direitos, mas agora priorizando iniciativas de caráter emergencial e humanitário no combate ao avanço do coronavírus.
 
Inicialmente já foram disponibilizados cerca de 500 mil reais do Fundo de Apoio a Pequenos Projetos a organizações já selecionadas de todas as regiões do Brasil e que atuam em territórios de vulnerabilidade, priorizando comunidades de periferia de zonas urbanas, populações tradicionais, povos indígenas, famílias sem teto, pescadores e pescadoras, quilombolas e imigrantes.
 
Os itens prioritários para apoio serão: produtos alimentícios (podendo ser cestas básicas) e água; produtos de limpeza e higiene (sabão, detergente, água sanitária, álcool gel); e itens de proteção como luvas e máscaras.
 
Dimas Galvão, Coordenador de Projetos e Formação da CESE, informa que: “a equipe está, desde final de março, em contato com um significativo número de organizações e movimentos sociais parceiros de várias regiões do país com o intuito de identificar o que está sendo feito nos seus territórios de atuação para enfrentar os desafios trazidos pela pandemia”. 
 
Com base nessas informações e considerando os segmentos populacionais mais vulnerabilizados nesse contexto e regiões prioritárias, foi definido enviar carta convite a 30 organizações contatadas previamente, convidando-as a apresentar um projeto emergencial nesse tema.
 
Prossegue Galvão: “Com os recursos que dispomos neste momento teremos condições de apoiar cerca de 30 iniciativas – em valores que vão de R$ 10 a 20 mil – com foco no reforço alimentar das famílias e aquisição de itens de higiene e limpeza. Para agilizar o processo e garantir que os recursos possam chegar o mais rápido na ponta, simplificamos os roteiros de projetos e de relatórios, bem como os procedimentos operacionais internos de análise e decisão”.
 
Isolamento e violência doméstica
 
Outro aspecto extremamente importante e que deve ser visibilizado é o aumento significativo da violência doméstica no contexto do coronavírus. As mulheres em situação de confinamento continuam acumulando as tarefas do escritório com as que realizam em casa (cuidado com a família e as tarefas domésticas) – e ainda ficam expostas à violência doméstica, pois estão obrigadas a conviver por muito mais tempo com seus agressores. Tudo isto agrava-se por que estamos em um contexto difícil até mesmo de fazer denúncia ou pedir ajuda.
 
Neste sentido a comunicação da CESE também está voltada para esta abordagem da justiça de gênero e das denúncias. Desde março, as postagens nas redes sociais institucionais já apontavam como as mulheres negras serão as mais atingidas pela pandemia.
 
Vaquinha da resistência
 
Após o agravamento da contaminação, os nossos canais de comunicação também estão voltados para divulgar campanhas e vaquinhas online dos movimentos e das organizações sociais. Muitos coletivos se formaram para enfrentamento da crise, com foco na arrecadação de cestas básicas, materiais de higiene e limpeza e recursos financeiros para manutenção de famílias que já estão sem renda.
 
No site da CESE, disponibilizamos uma página permanente, diariamente atualizada, com cards de campanhas de movimentos e organizações populares de todo o país. Nas redes sociais (Facebook, Instagram) são publicados depoimentos e textos com entrevistas das populações atingidas.
 
Segundo Sonia Mota, diretora executiva da CESE, foram necessárias decisões rápidas para o enfrentamento a este contexto de pandemia. “Graças a agilidade da equipe e as articulações que temos, foi possível identificar grupos e movimentos que neste primeiro momento já estavam precisando de apoio. Contamos também com o bom diálogo e flexibilidade de agências que nos apoiam e que permitiram o redirecionamento dos recursos. Tem sido um mutirão de solidariedade.
 
A CESE está seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde e segue mantendo o isolamento social, com toda equipe trabalhando em home office, focada no compromisso de cumprir nossa missão de fortalecer organizações populares.  Temos a certeza que só sairemos desta pandemia se unirmos forças”, avalia a diretora executiva da CESE.
 
Fonte: CESE
Imagem: Pixabay

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