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Carta Pastoral da Câmara Episcopal da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil sobre o Segundo Turno das Eleições Presidenciais no Brasil

Carta Pastoral da Câmara Episcopal da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil sobre o Segundo Turno das Eleições Presidenciais no Brasil

Alguns dos fariseus que estavam no meio da multidão disseram a Jesus: “Mestre, repreende os teus discípulos! “Eu lhes digo”, respondeu ele, “se eles se calarem, as pedras clamarão”. Lucas 19.39-40

A Câmara Episcopal da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) – seguindo o que estabelece a Constituição desta Igreja, que diz que ela tem por finalidade fomentar a dignidade da pessoa humana; a fraternidade; a integridade da criação divina; o respeito à pluralidade religiosa; a inclusividade; a promoção e garantia dos direitos humanos; e que, embora também esteja em nossas finalidades a promoção da “unidade de todas as pessoas cristãs”, este último princípio não pode ser contraposto aos outros – dirige esta carta a todas irmãs e irmãos de nossa igreja, irmãos e irmãs da caminhada ecumênica e inter-religiosa, pessoas de boa vontade que sonham com um país melhor para todas as pessoas, e com o pleno respeito aos processos democráticos garantidos na Constituição de 1988, assim como a garantia do cumprimento de todos os direitos humanos, ancestrais e ambientais que defendem as pessoas historicamente excluídas, discriminadas e violentadas de nosso povo. Como nos fala o versículo acima, respondendo a quem queria reprimir a voz das pessoas que seguiam Jesus: não podemos calar diante das alternativas que se apresentam neste segundo turno de eleições para a Presidência da República.

Como manifestamos em diversas cartas, e depois nas “Orientações pastorais sobre as Eleições 2022”, temos, junto com todas as pessoas que estão do lado das pessoas pobres, discriminadas, excluídas e violentadas de nossa sociedade, denunciado o caráter antidemocrático, violento, excludente e promotor da morte, do governo atual no Brasil. Temos visto, especialmente durante a campanha do segundo turno, a divulgação de notícias falsas (fake news) envolvendo temas religiosos como o fechamento de igrejas. Tanto é mentira esta campanha de difamação que muitas igrejas e movimentos ecumênicos pediram o impeachment do presidente atual, justamente por serem igrejas e tradições religiosas que buscam o respeito mútuo e o direito democrático de existir e coexistir em paz. 

Outro falso “pânico” é da chamada “ideologia de gênero” com a qual querem assustar a população quanto à integridade física e moral de nossas crianças. No entanto, nossa igreja tem elaborado cartilhas de enfrentamento à violência de gênero (que estas pessoas estimulam justificando o machismo e o poder patriarcal de homens sobre mulheres) e temos reconhecido a dignidade da identidade de gênero e da orientação sexual de todas as pessoas, inclusive na celebração do Casamento Igualitário.

Por outro lado, os povos indígenas, e as mulheres e crianças indígenas em especial, têm vivido uma ameaça constante de sua integridade física, moral, cultural e religiosa, pela aliança entre este governo e a mineração, assim como o desrespeito aos seus territórios tradicionais, levando morte para as populações, suas lideranças e ativistas da causa ambiental e indigenista. O racismo contra o povo negro também é estimulado, com recorrentes atos discriminatórios e violência contra terreiros.

As mulheres são constantemente atacadas, tanto na sua atividade política, quanto profissional, e se aponta para a pedofilia como algo corriqueiro, sem falar do estímulo à violência e discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ que, direta ou indiretamente, é vista como ameaça para as famílias “tradicionais”.

Há mais de 33 milhões de pessoas vivendo com fome diariamente. O auxílio que o Congresso Nacional votou não resolve os males do desmonte das políticas públicas, e a redução de preços de alguns combustíveis foi usada como propaganda eleitoral e certamente não se sustentará causando grande prejuízo nos Estados e Municípios que reduziram sua arrecadação.

Por tudo isso, não podemos calar, não podemos apenas dizer que qualquer das duas alternativas que se apresentam para o país é viável e boa. Pelo contrário, esta é a oportunidade de não se omitir e de rejeitar o governo que tantos males já causou, e ainda poderá causar, à grande maioria do povo brasileiro e a esta terra bela, diversa e cheia de vida.

Conclamamos para que, neste domingo, 30 de outubro, rejeitemos o projeto de morte que impera. Embora ainda haverá muitos problemas para resolver e precisaremos do esforço de todas e todos nós, votemos por um projeto de país que ofereça igualdade de direitos, oportunidades e dignidade a todas as pessoas sem distinção.

Câmara Episcopal da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil:

Bispo Naudal Alves Gomes, Primaz
Bispo Maurício Andrade, Diocese Anglicana de Brasília
Bispo Francisco de Assis da Silva, Diocese Sul- Ocidental
Bispo Humberto Maiztegui, Diocese Meridional
Bispo João Câncio Peixoto, Diocese Anglicana de Recife
Bispo Eduardo Coelho Grillo, Diocese Anglicana do Rio de Janeiro
Bispa Marinez Rosa dos Santos Bassotto, Diocese Anglicana da Amazônia
Bispa Meriglei Borges Silva Simin, Diocese Anglicana de Pelotas
Bispo Francisco Cézar Fernandes Alves, Diocese Anglicana de São Paulo
Bispa Magda Guedes Pereira, Diocese Anglicana do Paraná
Bispo Clóvis Erly Rodrigues, Emérito
Bispo Almir dos Santos, Emérito
Bispo Celso Franco, Emérito
Bispo Jubal Pereira Neves, Emérito
Bispo Orlando Oliveira, Emérito
Bispo Filadelfo de Oliveira, Emérito
Bispo Flávio Irala, Emérito
Bispo Saulo de Barros, Emérito
Bispo Renato Raazt, Emérito

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