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Celebração online reuniu lideranças ecumênicas nesse sábado

 
No último sábado (28/03), lideranças ecumênicas de todo o Brasil estiveram reunidas, virtualmente, para uma celebração em favor das pessoas contaminadas pelo coronavírus (Covid-19), populações vulneráveis e demais grupos de risco.
 
A atividade foi realizada por meio da plataforma Zoom, e congregou cristãos e cristãs de diferentes confissões, incluindo católicos, ortodoxos, anglicanos, presbiterianos, luteranos, batistas, entre outras. 
 
O momento foi de muita unidade, espírito de oração e solidariedade.
 
A meditação da palavra foi feita pela irmã Raquel de Fátima Colet, que você pode conferir a seguir:
 
Lc 10:29-37 - “Vai tu e fazes o mesmo!”
 
Essa meditação foi tecida sob o forte impacto da imagem da caminhada solitária e orante do Bispo de Roma diante da Praça de São Pedro vazia e chuvosa.
 
O vazio e a tempestade... talvez essas sejam duas expressões que falam muito à situação atual, e que Francisco tocou com suas palavras: “E, neste barco, estamos todos”. Barco que é, aliás, um símbolo singular do Movimento Ecumênico.
 
Talvez em outros tempos, a meditação dessa passagem do Evangelho de Lucas nos levaria imediatamente pensar em sandálias nos pés e portas abertas, acostumados e acostumadas que estamos a entender o “fazer-se próximo” com proximidade física, acompanhada de ações e atitudes gestuais de cuidado. O isolamento social desafia nossa criatividade evangélica. No fundo, ainda estamos desconcertados e desconcertadas em aceitar esse paradoxo de que ser próximo no atual momento significa isolar-se. 
 
Não é tão simples termos que lidar com esse sentimento de impotência que se coloca diante de nós. Impotência no que se refere à presença afetiva e efetiva de cuidado que gostaríamos de oferecer às pessoas que vemos padecer nas estradas que vão “de Jerusalém a Jericó”, e que hoje são os corredores, enfermarias e UTIs dos hospitais, as ruas vazias de nossas cidades, os lares em que o isolamento reforçou o sentimento de solidão e abandono, os percursos gélidos pelo qual são carregados os corpos dos irmãos e irmãs que padeceram diante da fúria silenciosa de um vírus. Como não se sentir inquieto diante da escolha dolorosa que alguns profissionais de saúde precisam fazer entre quem vive e quem não? Precisamos recusar toda forma de entender isolamento social como indiferença, como aquela do sacerdote e do levita do evangelho que ouvimos.
 
Por outro lado, essa impotência é acompanhada de indignação diante da perversidade insana de pessoas, grupos, governos, e também igrejas, de subestimar a gravidade da situação, presos que estão às suas estatísticas frias que definem pessoas como números, e que medem o impacto da pandemia segundo os índices econômicos. Isso é diabólico, no sentido exato do termo.
 
A Palavra nos diz que Deus não faz acepção de pessoas (cf. At 10,34); estamos descobrindo de uma forma dolorosa que a Covid-19 também não; todos somos potencialmente transmissores e receptores do vírus. Há, porém, uma diferença fundamental entre o contágio que adoece e o contágio que cura. Como mulheres e homens de fé, nossa presença samaritana junto à humanidade ferida nos move à redescoberta comum da cura que passa pela esperança; uma esperança lúcida, ativa, profética, criativa, - e, se preciso, desobediente - sustentada pela confiança profunda em Deus e na consciência do compromisso evangélico que nos cabe como discípulos e discípulas de Jesus. Por estarmos todos e todas no mesmo barco, nós somos samaritanos uns dos outros. O vinho e o óleo que podemos derramar sobre as chagas nossas e as de nossos irmãos e irmãs tem muitos nomes: comunhão orante, novas formas de ser presença, zelo e defesa dos grupos mais vulneráveis, ressignificar nossos templos, presença pública profética.
 
A ameaça de um vírus está nos lembrando de uma verdade que sempre proclamamos em nossos púlpitos, mas que agora fazemos experiência em nossa carne: nós pertencemos uns aos outros (cf. Rm 12, 5), e só poderemos superar esse momento juntos e juntas. Enquanto buscamos juntos e juntas a cura da pandemia, o Senhor está operando a cura de nossas memórias feridas e tecendo comunhão entre nós. “Eis o tempo de conversão!”, uma possibilidade de releitura evangélica da quarentena.
 

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