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Encontro Nacional da Plataforma reúne 96 organizações e movimentos: ousadia para construir outro sistema político

Encontro Nacional da Plataforma reúne 96 organizações e movimentos: ousadia para construir outro sistema político

Ousadia para construir outro sistema político. Esse foi o espírito compartilhado pelas 118 pessoas presentes no Encontro Nacional da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político. O evento realizado em Luziânia (GO) nos dias 2, 3 e 4 de dezembro de 2022 reuniu representantes de 96 organizações que compõem a Plataforma e contou com o apoio da União Europeia.

O encontro trouxe marcos significativos para o futuro da Plataforma. A começar pela proposta de mudança de nome, consolidando os debates feitos sobre a necessidade de pensar a construção de outro sistema político, em vez de reformá-lo. A síntese das principais discussões que vêm sendo feitas também subsidiou a Versão 3 da Plataforma, apresentada para a plenária e que segue aberta para novas contribuições. Durante o encontro, também foi escolhido o novo Grupo de Referência da Plataforma, com as entidades que se colocaram à disposição para seguir pensando e ajudando a fortalecer essa rede de articulação que hoje reúne 138 organizações, movimentos e coletivos.

O primeiro dia de encontro contou com uma análise de conjuntura que revelou a diversidade de representações que estão na Plataforma, com demandas que fazem pensar os desafios para os movimentos sociais e populares, a partir das realidades locais. Foi consenso a compreensão de que o novo ciclo de governo traz uma coalização ampla, que vai exigir dos movimentos o trabalho constante para avançar com suas pautas e incidir nos espaços de poder. Da mesma forma, foi valorizada a atuação para além da institucionalidade, fortalecendo a luta nos territórios e nas redes onde as organizações atuam.

Contribuindo para definir os nortes e estratégias da Plataforma, foi debatida a sua versão 3. O documento reúne o acúmulo de debates feitos ao longo dos últimos anos, a partir dos eixos e temas de atuação da Plataforma. A partir da minuta apresentada, as pessoas presentes também puderam trazer novas contribuições, perpassando diversos temas, como a inclusão dos eixos de Democratização da Economia e Democratização da Vida Social. As falas também reforçaram a importância de um olhar interseccional sobre as pautas debatidas pela Plataforma, tendo a compreensão do racismo, machismo e classismo que estruturam a sociedade brasileira.

A partir dessas discussões, uma nova versão do documento será apresentada, ainda que sua construção seja constante e as contribuições poderão ser dadas a qualquer momento. Para dialogar com as teses e ações propostas, as organizações também pensaram estratégias de atuação para conseguir avançar com as pautas da Plataforma, sobretudo na perspectiva de construir outro sistema político capaz de assegurar uma democracia participativa, representativa e com soberania popular.

Além de pensar a atuação externa, o encontro também possibilitou a ampliação do debate sobre a organicidade dentro da Plataforma, com o objetivo de construir formas e métodos capazes de ampliar a articulação entre organizações e fortalecer as ações conjuntas. O debate sobre organicidade partiu de princípios fundamentais, como a horizontalidade, transparência, diversidade e inclusão. A avaliação feita pelas representações é que a possibilidade de um encontro presencial foi essencial para avançar com o fortalecimento institucional da Plataforma, a partir de discussões que antes vinham sendo feitas de forma remota.

Por fim, foi definida a nova composição do Grupo de Referência (GR), responsável por facilitar a articulação política e conduzir as estratégias e decisões construídas coletivamente, além de buscar alternativas para garantir a sustentabilidade da Plataforma. A escolha se deu de forma consensual, a partir da manifestação das organizações que se dispuseram a compor o GR – 19 organizações estarão nessa composição durante os próximos anos: Abong, Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, Cáritas Nacional, CEDENPA, CENARAB, Central dos Movimentos Populares, Coletivo Amazônico LesBiTrans, Coletivo Arewá, CONIC, Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Fórum da Amazônia Oriental, INESC, Intervozes, Instituto EcoVida, Instituto Soma Brasil, MCCE, Rede Afro LGBT, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.

A escolha do novo GR levou em consideração a diversidade regional, racial e de gênero, além de reunir as diferentes lutas de cada organização. Um GR diverso também simboliza a própria pluralidade da Plataforma, que reúne movimentos feministas, antirracistas, indígenas, de juventudes, dentre outras.

Na avaliação geral do encontro, foi destacada a autonomia da Plataforma e o potencial das organizações de seguirem se articulando e construindo lutas coletivas em defesa de uma democracia que contemple a diversidade da população brasileira e descentralize os espaços de poder historicamente demarcados. O momento de luta também foi permeado por confraternizações, arte, conversas, encontros e reencontros que reforçaram os laços pessoais e as articulações institucionais. Após um ano tão desafiador, o encontro nacional da Plataforma possibilitou renovar as energias e acreditar em um novo ciclo político mais esperançoso.

Com informações da Plataforma
Foto: Reprodução

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