Notícias

”Fé no Clima” reúne lideranças em Brasília e aponta espiritualidade como força para a COP30

”Fé no Clima” reúne lideranças em Brasília e aponta espiritualidade como força para a COP30


No dia 13 de agosto, Brasília recebeu o encontro “Fé no Clima”, promovido pelo ISER, no Memorial dos Povos Indígenas. A atividade, voltada para o processo de preparação da COP30, reuniu lideranças religiosas, ambientais e políticas para refletir sobre os caminhos possíveis diante da emergência climática que ameaça o planeta.

Entre as presenças de destaque estiveram a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, o líder indígena Davi Terena, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, a teóloga e ambientalista Karenna Aitcheson Gore – filha do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore – além de representantes de comunidades de fé, como Marcelo Barros e Maninha Pescadora, do Ceará.

Espiritualidade e reconexão com a vida

O encontro ressaltou a contribuição das espiritualidades na luta contra as mudanças climáticas. Davi Terena denunciou a expansão de práticas de produção que devastam florestas, águas e comunidades tradicionais, lembrando a urgência da reconexão com a terra, consigo mesmo e entre os seres humanos.

Na mesma linha, Marcelo Barros destacou que a esperança não está apenas nas grandes negociações internacionais, mas nas ações concretas das pequenas comunidades, “minorias proféticas” que, segundo ele, podem tornar o mundo um lugar de mais amorosidade.

Representando as mulheres, Maninha Pescadora reforçou o papel fundamental das mulheres das águas na mitigação das mudanças climáticas e na defesa dos territórios.

O caminho para Belém

A ministra Marina Silva ressaltou que a COP30, que acontecerá em Belém em 2025, será a COP da implementação dos acordos anteriores. Para ela, os encontros preparatórios, como o “Fé no Clima”, já expressam a essência da conferência: a construção coletiva de soluções.

Inspirada pelas espiritualidades indígenas, Marina lembrou que “a argamassa que une a humanidade é o amor”, citando a imagem bíblica das “pedras não lavradas”, que, em sua diversidade, só se tornam um altar quando ligadas pelo cuidado mútuo.

A ministra também alertou para o risco de retrocessos, como a possibilidade de o Congresso derrubar vetos presidenciais ao chamado “PL da Devastação”. Segundo ela, salvar o planeta significa salvar “a arquitetura mais engenhosa que é a vida”.

Memória, ética e urgência

Ana Toni recuperou a lembrança da Vigília Inter-religiosa realizada na Eco-92, no Rio de Janeiro, e destacou a importância da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, como referência ética e espiritual na defesa do meio ambiente.

Karenna Gore, que além de ser diretora do Centro de Ética da Terra no Union Theological Seminary, atua como co-convocadora para a região das Américas e coordenadora regional do Balanço Ético Global, agradeceu ao Brasil por sediar a COP30 e ressaltou que o Balanço Ético tem como função chamar a atenção para a crise climática sob a lente da ética, trazendo à tona “verdades inconvenientes” que ainda bloqueiam avanços nas negociações.

A emergência climática, lembraram os participantes, já provoca a morte silenciosa de cerca de 500 mil pessoas por ano – uma realidade que exige ação imediata e responsável dos líderes mundiais.

Um mutirão pela vida

O espírito que marcou o encontro foi o de preparar a COP30 como um mutirão pela vida, capaz de inspirar a implementação efetiva dos compromissos climáticos. 

Como lembrou Marina Silva, Belém será um lugar de desafios, mas também de possibilidades: “Que a COP30 seja um marco para os próximos dez anos e que de lá possamos sair com as decisões necessárias em favor do planeta e da humanidade.”

Publish the Menu module to "offcanvas" position. Here you can publish other modules as well.
Learn More.

Em que podemos ajudar?

Em que podemos ajudar?