Compartilho anotações preliminares sobre o lugar da religião nas campanhas, pois ainda há muito o que estudar para interpretar além dos números referentes a eleitos/as, o desempenho de partidos e a escolha de eleitores/as. Estas notas resultam de reflexões coletivas da equipe de pesquisa sobre o tema do Instituto de Estudos de Religião (ISER), da qual sou integrante.
Quando relacionamos religião e política, a primeira imagem a que se recorre é a da influência dos evangélicos. De fato, o grupo religioso tem sido protagonista de processos eleitorais e não eleitorais na arena política nacional nas duas décadas dos anos 2.000 e isso é confirmado pelos números.
Por exemplo, no pleito de 2020, dos 311 candidatos/as às prefeituras de capitais do País, 67 (21,5%) expuseram sua identidade religiosa em nome de urna, em campanha e/ou em declarações públicas. Dos que se identificaram desta forma, 39 são evangélicos (58,2%), 13 católicos (19,4%), nove se apresentam apenas como “cristãos” (13,5%), dois espíritas (3%), um judeu (1,5%). Ou seja, mais da metade de candidatos à prefeituras que acionaram sua identidade religiosa em campanha é evangélico.
No entanto, os dados não significam bom desempenho de evangélicos candidatos a prefeito/a nas urnas: um foi reeleito em primeiro turno (Marquinhos Trad, de Campo Grande/MS, da Igreja Evangélica Atos de Justiça) mas apenas sete conquistaram vaga para um segundo turno (Belém, Cuiabá, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Rio de Janeiro, descontada a cidade de Macapá/AP que teve as eleições adiadas por conta do apagão de energia elétrica). Nenhum dos que acionou o título de pastor ou pastora em campanha foi eleito/a.
Está gostando da análise?
Então clique aqui para ler a íntegra.
Fonte: Carta Capital
Texto: Magali Cunha
Imagem: Imagem criada por freepik