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Cenário da Covid no Brasil é mais mortal do que guerra na Síria

 
No último final de semana (19 e 20 de junho), o Brasil ultrapassou o trágico número de 500.000 mil mortes por Covid -19. Diante desse terrível marco, organizações ecumênicas e inter-religiosas realizaram o ato “500 velas para Meio Milhão de vidas”, com o objetivo de afirmar a vida humana e prestar homenagem às vítimas que tiveram suas vidas interrompidas, muitas delas precocemente, pela negligência do governo com sua falta de políticas públicas.
 
Em Brasília, a atividade ocorreu na segunda-feira (21), e foi realizada bem na região central da cidade: a Torre de TV. A ação contou com a participação de representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e de outras organizações parceiras que atuam na defesa dos Direitos Humanos, no campo ecumênico e inter-religioso. O ato seguiu todos os protocolos de distanciamento social e recomendações das autoridades sanitárias.
 
Sobre o assunto, conversamos com a secretária-geral do CONIC, pastora Romi Bencke:
 
CONIC: O que você achou da ação?
 
Foi uma ação forte, carregada de simbolismos, que convidou pessoas para um ritual de luto coletivo. Foram acessas 500 velas em cada Ato, que foi realizado em aproximadamente 50 cidades do país. Cada vela representou 1 mil pessoas falecidas. Esse é um dado impactante, pois não foi possível acender uma vela por pessoa perdida.
 
Para termos uma dimensão das consequências da opção feita pelo atual governo em não conter o avanço do novo Coronavírus, podemos fazer uma comparação com a guerra na Síria. Em 10 anos de guerra, morreram aproximadamente 387 mil pessoas, segundo dados do Observatório Sírio de Direitos Humanos, publicados em 2020. 
 
Aqui no Brasil, em dois anos de pandemia, morreram mais de 510 mil pessoas, isso sem contar as subnotificações. Não podemos, ainda, ignorar as mortes por feminicídio, massacres como em Jacarezinho, morte de indígenas, pessoas negras e tantas outras. O desrespeito e o total menosprezo com o direito à existência de parcelas da população brasileira é inaceitável. 
 
Por isso, vejo esse Ato como uma forma de chamar a atenção para o que está acontecendo em nosso país. Não podemos nos calar diante de tantas mortes evitáveis - na sua maioria. 
 
CONIC: Você acha que esse tipo de iniciativa comove o governo?
 
Não acredito nisso. Se houvesse alguma capacidade de comoção por parte deste governo e da sua equipe, não estaríamos neste cenário. É um governo que se orienta por uma anti-política, que não está nem aí com os Direitos Humanos, com o luto, com o enfrentamento ao racismo. É um governo que não gosta do povo brasileiro. 
 
CONIC: Na sua opinião, por que parte da população parede anestesiada para o que está acontecendo?
 
Este atual projeto não foi construído de ontem para hoje. Ele vem sendo tecido há bastante tempo no submundo das redes sociais. A repetição de que precisam destruir e eliminar inimigos é uma forma de anestesiamento. Você oblitera a realidade criando falsos inimigos. 
 
CONIC: Enquanto pastora, frustra o fato de que muitos cristãos seguem alheios a tanto sofrimento?
 
Acho que o sentimento é maior do que frustração. Mas é a pergunta pelo sentido e o papel da fé em um contexto como este. De que vale ter fé em Jesus Cristo se não conseguimos nos compadecer com a dor do outro?
 
CONIC: Qual mensagem você deixaria para essas 500 mil famílias enlutadas?
 
O luto e a dor da perda é de todos e todas nós. Cabe-nos um amplo movimento por memória e justiça.
 
 
Com informações da CESE
Fotos: Divulgação

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