Por:
Rev. Rodrigo Coelho – Igreja Presbiteriana da Praia de Botafogo
Pr. Mayrinkellison Wanderley – Tesoureiro do CONIC / Aliança de Batistas do Brasil
Estamos num período do calendário litúrgico cristão de extrema importância: a Quaresma. Tempo de preparação, reclusão, introspecção, arrependimento, transformação. Tempo propício à mudança de rota. Sim, porque de nada vale refletir sobre a vida se não estivermos dispostos a passar pelos ajustes que nos levam ao lugar em que devemos estar enquanto cidadãos do Reino: o centro da vontade de Deus.
Ao nos percebermos longe desse almejado lugar, nos entristecemos. E não há problema nisso, se a tristeza que nos acomete for tristeza impulsionadora. Rubem Alves bem nos apontou isso ao discorrer sobre a Quaresma. Ao citar as quaresmeiras e suas cores, nos diz: “As quaresmeiras aí estão. Flores de fevereiro e março, anunciando que nem só de cores brancas e verdes vive a alma humana, mas também de lilases e roxas. Nem só de alegrias, mas também de tristezas”.
Existe a tristeza que nos paralisa. Porém, existe a tristeza que nos faz refletir e desejar a metamorfose que vem da parte de Deus. Aquele impulsionamento que o Santo Espírito nos dá para que vivamos em novidade de vida, em especial, frente ao mundo e à sociedade.
Nesse sentido, precisamos sim mencionar a necessidade de enxergarmos com olhos vívidos o que ocorre ao nosso redor. Caso contrário, não vem da parte de Deus, pois Deus é comunidade como muito bem salientou Leonardo Boff. A fé cristã não combina com individualismos, egocentrismos e egoísmos. Na Quaresma, somos convidados a olhar pra fora depois de olharmos para dentro. É o caminho natural daquele que verdadeiramente se arrepende.
Hoje, são muitos os desafios. No Brasil e também no mundo. Pandemia, conflitos internacionais, crises econômicas e, no nosso caso específico enquanto brasileiros, desgoverno. Que nessa Quaresma sejamos constrangidos por Deus ao ponto de sentirmos uma profunda tristeza criativa. Esperancemos para que haja a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Que a Quaresma nos leve a esse lugar.
